domingo, 17 de outubro de 2010

Homesick

Não tinha teto, não tinha nada. Desde pequena, sentia que não estava em casa, sua mãe achava muito estranho. De fato, nunca esteve. Não lembro bem como nem quando aconteceu, mas em algum momento ela mudou de cidade. Não gostou. Os anos não foram amigos, mas se adaptou. Achou um bom lugar: tinha uma praça só pra ela. Finalmente!, pensou. Quis cores e prateleiras, mas percebeu que não tinha direito, lá não era e não seria seu. Foi pra longe e sentiu muita saudade da janela antiga. Aos poucos, nem lá, nem cá, não se encaixava. Morava sempre de favores. Os livros formavam pilhas e, sobre eles, a poeira. O clima nem sempre era agradável, o sono não era leve e a vida começou a mostrar um caminho de pedras. A menina era seu próprio lar. Era de todo lugar; de qualquer lugar, de lugar nenhum.

2 comentários:

  1. QUE LINDO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

    Muito lindo isso...
    "A menina era seu próprio lar."

    Você tem que escrever mais...

    bjs!!

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  2. Nowhere woman, don't worry,
    Take your time, don't hurry...

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