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sábado, 23 de outubro de 2010

Enquanto a cidade dorme

Pode ser para comer o famoso lanche de mortadela ou comprar especiarias para um prato exótico, abastecer a despensa de casa ou toda a cozinha de um restaurante. Seja uma visita turística, uma parada para vislumbrar a arquitetura do século passado ou apenas um ato cotidiano de um morador das proximidades. Por um motivo ou por outro o fato é que o Mercado Municipal de São Paulo recebe cerca de 14 mil visitantes diariamente. O que vão encontrar muitos já sabem ou podem imaginar, mas como tudo estava lá desde sua abertura, às 6 horas da manhã, tão organizado para servir a todos? Poucos conseguem responder.

Essa etapa é parte da São Paulo que ninguém vê, mas faz da cidade singular e permite a tradicional variedade e eficiência dos serviços prestados. Funcionários se reúnem toda madrugada para o comércio atacadista, mantendo os 275 boxes do local sempre cheios de produtos frescos e em quantidade suficiente para a clientela. Caminhões e caixas ocupam todo o estacionamento e arredores do mercado e quem andar por lá distraído corre o risco de esbarrar em pesados carros de frutas e legumes, ou ainda em alguém carregando grandes pedaços de carne. Há também quem jogue conversa fora, tire um cochilo ou coma um lanche, agindo naturalmente em meio aquele mundo que poucos conhecem de perto, mas que é, para muitos, apenas mais um dia de trabalho.

É o que bem sabe Adelmir João Alves, o Duda, que chega ao serviço às cinco horas. Ele trabalha há vinte e dois anos no mercado e por muito tempo chegou por volta das três horas da manhã: “Acostumamos a viver com o dia começando mais cedo, quem é feirante sabe como é isso, é outra realidade.” Há doze anos Duda passou a trabalhar na banca do Ramon, pertencente desde a inauguração do mercado à família Abdala, que veio da Síria no início do século passado.

Em 1933, na inauguração do Mercado Municipal, São Paulo era uma cidade de um milhão de habitantes. Hoje a região metropolitana conta com quase dez milhões de pessoas, o que explica a gigantesca movimentação de 350 toneladas de alimentos diariamente. Ainda assim, na região metropolitana de São Paulo as feiras livres continuam sendo as maiores distribuidoras de produtos hortícolas, embora se perceba uma notável queda em seu papel abastecedor.

De fato, observa-se que, enquanto em 1983 as feiras livres chegavam a corresponder por 48,4% do escoamento da tonelagem global comercializada na CEAGESP - Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo, na década seguinte sua participação foi reduzida para 28%. Para Duda, isso acontece porque “hoje, o movimento é muito menor do que antigamente. Atualmente, São Paulo tem várias opções e o público é mais exigente.”

Juliana dos Santos, 32 anos, compartilha a mesma opinião. Filha do proprietário da Charutaria Bruno Ltda., a única tabacaria do estabelecimento, disse que desde que a família Santos comprou o comércio, há 17 anos (ele já existia desde o início do mercado), algumas coisas mudaram no municipal. As pessoas costumavam ir em busca de frutas e verduras, mas agora muitos vão a procura de quitutes, como os tradicionais sanduíches de mortadela e os pastéis de bacalhau. “O número de supermercados aumentou na cidade, então as pessoas podem comprar em outros lugares”, explica Juliana. De acordo com a comerciante, o lugar se tornou um ponto turístico: “Alguns vem observar a arquitetura do mercado, outros já estão por perto e passam para almoçar.”

Pode ser que os clientes já não sejam os mesmos e não busquem mais as mesmas coisas, mas o mercado continua sempre lá, com suas portas abertas todo dia, à espera do chão ser sujo, do ambiente tumultuado, do silêncio quebrado. Para isso ser possível, prosseguem seus homens durante a madrugada. Como esses trabalhadores, existem muitos outros que passam longas horas embaixo de um céu sem sol, para deixar amanhecer como conhecemos. São despercebidos pela maioria, mas têm um valor inestimável para uma cidade que finge não dormir. Ao final do dia, tem sempre alguém que começa tudo de novo.

*Trabalho de Fotojornalismo. Créditos adicionais: Renata Zanquetta, Sérgio Atieh e Thaís Santana.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Celso Unzelte, um contador de histórias

Celso Dario Unzelte é um homem de manias. Entre essas, algumas das mais conhecidas: gosta de cantar hinos dos clubes de futebol, não usa camisa verde e coleciona datas – principalmente as de jogos do seu time do coração, Corinthians. No entanto, a mais notável, que pode ser percebida em pouco tempo com o jornalista, é sua grande mania de contar histórias.

Característica familiar. Em entrevista coletiva para os alunos da Faculdade Cásper Líbero, em 19 de junho, Celso revela que seu irmão cospe toda vez que passa pelo parque Antártica, e que seu avô, são-paulino de carteirinha, gostava de contar histórias para ele durante sua infância.

Época esta em que passava a maior parte de seu tempo lendo histórias em quadrinhos: “aos cinco anos, eu tinha absoluta certeza que seria o Walt Disney do Brasil”. E bem que tentou. O menino “nerd”, como Unzelte se descreve, desenhava em todo lugar, “até atrás do sofá branco da mãe”.

Não conquistou seu legado tão esperado, mas foi por meio de sua coleção de gibis, que contou com cerca de mil, que o “louco por futebol” passou a entender sobre o esporte. “Até os nove anos de idade eu detestava futebol. Um dia caiu em minhas mãos o Manual do Zé Carioca, que contava a história do futebol, aí eu me interessei pela teoria. Na prática sempre fui muito ruim de futebol, só um bom goleiro”, diz mostrando um dedo torto, modificado após levar uma bolada.

Esse interesse por história e pelo futebol veio a lhe favorecer anos mais tarde, quando decidiu ser jornalista. Formou-se em jornalismo pelas Faculdades Integradas Alcântara Machado (FIAM), no ano de 1989, e começou sua carreira no ano seguinte, na revista Placar, a mesma que comprava para ler as letras dos hinos dos clubes. Trabalhou em outros veículos como a Quatro Rodas e até mesmo brevemente para o Notícias Populares.

Fora das redações, ele escreveu livros como Almanaque do Timão e Almanaque do Palmeiras. Ao explicar o motivo de ter feito o almanaque do “inimigo de estimação” ele brinca dizendo que só trabalhou nas derrotas. “Só trabalho por prazer”, ri. A verdade, no entanto, é outra: “brincadeiras à parte, mais do que um clube, eu gosto da história do futebol”, justifica.

Com esse clima descontraído, Celso Unzelte tocava a coletiva com seus alunos, que aproveitavam a ótima oportunidade para saber curiosidades sobre a mão final na coloração do boletim de Jornalismo Básico. Esse cargo, já há sete anos atribuído a ele, surgiu ao acaso, por um convite do colega de trabalho Carlos Costa, que também leciona na Faculdade Cásper Líbero.

Não somente durante as aulas, Unzelte foca na questão da apuração, da informação acima da opinião e formula quase que uma receita para a profissão: menos caciques, mais índios – crítica aos veículos que lançam nomes consagrados do jornalismo, mas não se importam com a qualidade da informação.

A coletiva durou cerca de uma hora e quarenta minutos e alguns alunos ainda passaram o intervalo conversando com o professor, disposto a ensiná-los através de sua experiência. Parece que tudo teve um encaixe na vida daquele menino nerd, leitor assíduo, de excelente memória, terrível no futebol, neto de são-paulino e filho de corintiano: além de um profissional apaixonado pelo jornalismo, ensina com suas histórias.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Les Liaisons Dangereuses

[Esse texto contém spoiler]

Ligações Perigosas (Dangerous Liaisons), filme de 1988 dirigido por Stephen Frears, pode ser considerado como uma versão fiel do clássico da literatura francesa em que se baseia: Les Liaisons Dangereuses, de Pierre Chordelos de Laclos.


Produzido quase dois séculos após a publicação do livro, o filme retrata as relações entre integrantes da aristocracia francesa do século XVIII. Seus principais personagens são corrompidos moralmente e agem de forma libertina, alguns desde o princípio, outros, levados pelo mesmo caminho conforme progride a trama.

A caracterização por meio dos cenários e dos figurinos tem papel fundamental no resgate da época. As imagens acrescentam à história, na qual em forma epistolar só permite a existência dos personagens conforme existe diálogo. Assim, facilita o fluxo das ações. Os espartilhos, a peruca e pó de arroz, entre outros apetrechos, fazem uma inigualável analogia à importância da aparência para o grupo aristocrático, ligação oposta ao caráter do mesmo.

Ao passo que o livro começa com uma carta de Cécile Volanges (interpretada no filme por Uma Thurman), sua versão cinematográfica começa com um primeiríssimo plano da Marquesa de Merteuil (Glenn Close), principal arquiteta das intrigas que virão. Esse detalhe já mostra um pouco da direção do filme, que se volta mais aos vilões e suas artimanhas do que aos inocentes que por aqueles são manipulados.

Outro personagem importante para a peça é Visconde de Valmont (John Malkovich), antigo amante da vilã e executor dos planos dela. Ele é encarregado de desvirtuar a despreparada Cécile, que até então estava encaminhada a seu casamento, mas apaixonada por outro rapaz: Danceny (Keanu Reeves). Porém, Valmont tem outro plano, o qual acredita valer mais o seu empenho: conquistar a Presidenta de Tourvel (Michelle Pfeiffer), mulher casada, fiel e de boa conduta.

A obra literária trabalha por meio das 75 cartas dos personagens, reunidas em 319 páginas. Devido à isso, tudo indicaria uma maior veracidade dos acontecimentos narrados, isto é, se a história não fosse planejada por dois imorais, que utilizam a retórica a seu favor. Quanto a essa observação, o filme trouxe agilidade para a história, que se passa na duração de 120 minutos, além de mostrar de forma mais imparcial características do enredo e melhor entendimento dos sentimentos das personagens.

Esse é o caso da dupla de maior destaque. No filme, fica mais claro o amor de Merteuil por Valmont, além de destacar a diferença de personalidade entre os dois: Valmont sucumbe ao amor sem controle por Tourvel, vacilo inaceitável para a marquesa, que se revolta e declara guerra.

Apesar de serem consideradas fiéis aos escritos de Laclos, as filmagens de Stephen Frears suprimiram alguns personagens, como é o caso de Sophie Carnay e Prévan. Ele também mudou o nome do pretendente de Cécile Volanges, originalmente chamado Gercourt, que passou a ser Bastide. Além disso, algumas alterações no enredo foram feitas, como o destino de M. de Merteuil, e de outros que são simplesmente omitidos.

A escolha do elenco tem seus motivos. Ao ser criticado por sua escolha americanizada do grupo de atores principais, Frears declara que “o filme é sobre pessoas lidando com sentimentos – ou não lidando com eles – e atores americanos interpretam sentimentos maravilhosamente, especialmente em close up.” Essa escolha se revela coerente ao se apreciar Uma Thurman sendo persuadida, John Malkovich furioso e Glenn Close declarando guerra, entre outras cenas memoráveis.

O desenlace é trágico para todos nesse teatro de títeres, tendo um desfecho moral ambíguo, como considera Todorov. Afinal, não somente os libertinos são punidos, mas também os que por eles foram levados a falhas. Nenhum deslize é perdoado e nenhum perdão impede as terríveis conseqüências.

O filme acaba após Madame de Merteuil ser vaiada publicamente, quando todos já sabem de seus feitos. A última cena acontece em seus aposentos, enquanto ela retira sua maquiagem. Talvez alguns achem que o final proposto não fez jus às mazelas que deveriam sofrer os libertinos, mas sem dúvida foi pertinente para mostrar que nada sobrou para eles: ao final da Ópera, de nada mais vale o pó de arroz. Em outras palavras, a máscara cai.


sábado, 12 de junho de 2010

Adriano Vilas Bôas

Ele teve a coragem de deixar a estabilidade da advocacia para subir nas cordas bambas do teatro. Começou fazendo o que naturalmente já faz: despertando sorrisos com seu bom humor. Passou pelo teatro, participou de vídeos independentes e agora atua em Gangbang, programa da MTV no qual interpreta um personagem muito parecido com ele mesmo. Adriano fala de teatro, TV, nonsense, originalidade e seu novo projeto.

Por que você deixou o Direito para se voltar ao teatro? Foi algo consciente na época ou aconteceu naturalmente?
No último ano da faculdade eu fazia estágio em um escritório. Aquela rotina de trabalho e as pessoas com quem trabalhava me fizeram perceber que não conseguia me imaginar trabalhando em nenhuma área do direito, o que eu tentava me convencer desde o primeiro ano de faculdade, de que descobriria uma área com a qual me identificasse e teria prazer. Coincidiu de começar um curso de clown logo no início do quinto ano, o que abriu as portas do teatro para mim. Assim que me formei em Campinas tive que voltar para Jacareí e lá, através de um amigo de meus pais que tinha um grupo, comecei a ensaiar peças e conheci outras pessoas do meio teatral da cidade.

O que é mais gratificante como ator: teatro ou televisão?
Como ator, acho que você se expressa de verdade no teatro. A televisão, desde o formato às exigências de anunciantes, remete muito mais a um produto/imagem do que a algo artístico. Por isso deve ser muito mais elaborada e pensada para poder ser algo de qualidade.

Você se inspira em alguém pra estimular sua criatividade?
Me inspiro em diversos criadores, atores e diretores. Gosto muito de Andy Kaufman, Monty Python, Tim an Eric, Zac Galafinakis, Andy Sandbert e todo o Lonely Island, Human Giant, Will Ferrel, Jim Carrey... Como ator gosto muito também de Louis Garrel, Louis Pierr Léad, atores que fazem personagens muito próximas de suas realidades e possuem características fortes, que sempre agregam às personagens que interpretam. Pretendo estudar mais arte dramática para poder me dedicar a personagens mais complexas e que me satisfaçam mais como ator.

Como surgiu a idéia do programa Gangbang?

O programa surgiu da vontade de fazer um algo extremamente surtado, que vinha das idéias que todos tínhamos na época, das coisas que vínhamos assistindo e a rotina que vivemos. Os quatro atores principais são da Trintaeum Filmes e moramos juntos, além disso, existe um "elenco fixo" que sempre participa. O primeiro programa para o Portal MTV terá quase 10 minutos e será uma única história, quase um curta, só que com a linguagem nonsense, bastante auto-referência aos demais episódios, muita metalinguagem e atores interpretando a si mesmos.

O nonsense do programa foi uma escolha também sem sentido?
O nonsense foi uma escolha natural, inconscientemente ligada ao mundo contemporâneo, da construção da identidade através da imagem e claro, devido às referências e coisas que vínhamos assistindo na época. Hoje, com essa atual temporada que estamos produzindo, vejo que o nonsense foi incorporado de forma orgânica na criação dos roteiros. Ou seja, ele faz sentido enquanto nonsense, os esquetes passaram a ter começo, meio e fim, não necessariamente nessa ordem, nem com a noção tradicional de ação e reação.

Nos anos 70, Monty Python fazia uma série cômica que já apresentava grande teor de nonsense e influenciou muitos outros programas, inclusive brasileiros, como Casseta e Planeta Urgente! e Tv Pirata. Você acha que o Gangbang se espelha nesse padrão e em que proporções ele é original?
O Gangbang tem inspiração direta do Monty Python, programa que na época aparentava ter esgotado todas as possibilidades do formato de esquetes de humor para televisão em forma e conteúdo. Trabalhando no Comédia MTV, percebi que o Gangbang tem uma estética e processo de produção muito mais próximos do cinema do que da TV: filma-se plano por plano, diversas vezes, sempre tendo o cuidado de arrumar as luzes para a fotografia em cada cena. Sendo que, no Brasil, já que o cinema existe graças às leis de incentivo, a indústria televisiva tem um processo muito mais insano de produção, no sentido de que tudo que existe um prazo para entrega, faz com que a produção tenha que ser muito rápida. Sendo assim, o Gangbang é original na medida em que não se prende aos formatos do Brasil, e também não se limita às suas referências, já que existe um foco assumido de se buscar a sinceridade do que é dito. Todos os integrantes sempre se cobram naquilo que propõem, defendem suas idéias, mas buscam não ser presos a elas. Nos deixamos ser convencidos pelos outros quando os argumentos são coerentes.

Você acha que a originalidade é possível de que maneira?
Vejo as referências como inspiração direta para a criação, o que diferencia de cópia é o fato de se apropriar das referências, torná-las parte do seu processo de criação, para então resignificá-las com suas características e forma de pensar, sempre priorizando a sinceridade daquilo que é dito, se isto é algo que te pertence. Aí, o resultado final, será uma mistura de tudo aquilo de que você gosta e se inspira de forma natural, menos pensada.

Pra você que sabe como funcionam as produções independentes, o que muda quando vê seu trabalho veiculado pela MTV?
Quando vejo o programa sendo veiculado pela MTV, sei que ele terá um alcance muito maior e que poderá ser visto por muito mais pessoas, e justamente por esses motivos, teremos que, enquanto produtores independentes, encontrar meios de se adequar a um sistema e formato sem perder a identidade.

Querô - uma reportagem maldita, peça de Plínio Marcos, é bem forte e dramática, diferente do Gangbang. Você tem alguma preferência de gênero?
Como público gosto de todos os gêneros. Como ator, prefiro a comédia, onde utilizo muito da minha personalidade na construção das personagens e situações que são plausíveis com minha realidade. No caso de Querô, o personagem tinha um perfil muito próximo também, mas não é algo que goste muito. Prefiro criar os textos em que atuo, ou atuar em textos que tenham sido criados por alguém que conhece minhas qualidade e limitações.

É mais difícil expor críticas com o humor?
Acho o humor a melhor ferramenta para expor críticas, seja quais forem. É o único lugar onde podemos rir do quanto idiota somos, na pretensão de se criticar algo ou alguém, e através dessa brincadeira fazer surgir a crítica em si. Enquanto ator, penso que somente através do humor podemos proporcionar ao público a experiência de rirem de si mesmos através do outro e dessa experiência de troca.

Poucos canais têm espaço para produções que não geram lucro. Você acha que o fator produto limita a arte?
O fator produto limita bastante a arte, e por isso vejo como um desafio a oportunidade de se educar o público para um conteúdo diferente do usual, para assim, com o tempo, possa ser um produto que atraia anunciantes (gere lucro) e tenha uma finalidade artística. Aproveitando assim, essa abertura cada vez maior da televisão para conteúdos que sejam ousados criativamente. Vide a evasão de roteiristas e atores de Hollywood para as séries de TV. O cinema está cada vez mais preocupado com o lucro, limitando assim o conteúdo dos filmes. Pensando na lógica: quanto mais caro é o filme, mais público ele precisa ter para poder obter lucro, sendo assim, quanto mais caro um filme, mais acessível ao público ele terá que ser. O mais loco é que é em Hollywood, o único lugar no mundo em que existe uma indústria de cinema onde se faz filmes independentemente da ajuda estatal - esses filmes grandes, que é gerado muito lucro, e proporciona a experimentação em projetos menores e mais ousados, que vão aos poucos sendo incorporados pelo público e com o tempo se transformam em mainstream. Parece ser um movimento cíclico.


Trintaeum Filmes GANGBANG
Programette 03 Temporada 01
"Piada"

Gangbang no Portal MTV
Trintaeum Filmes
CINEMÓIDE

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Luís Augusto May: o jornalista que fez arder o Império

Quando se diz acerca dos negócios do Estado: Que me importa? Deve-se contar que o Estado está perdido”
Jean-Jacques Rousseau
Luís Augusto May foi um importante jornalista na época da Independência e do Império no Brasil. O lisboeta nasceu em 1782, e com 16 anos alistou-se nas forças armadas de Portugal, chegando a se tornar capitão de artilharia. Estudou em Coimbra como seminarista e fez parte do Batalhão Acadêmico, resistência à ocupação francesa no país. May foi funcionário da Secretaria da Legação Estrangeira em Londres antes de vir ao Brasil, em 1810, trabalhar como intérprete dos trabalhadores suecos da Real Fábrica de Ferro São João do Ipanema, em Sorocaba, interior de São Paulo.


Ao final do ano de 1821, o Brasil vivia um cenário político instável. As Cortes portuguesas lançavam decretos a fim de submeter o país novamente a Portugal, com a retomada do pacto colonial e retorno do príncipe regente à capital lusitana. Porém, isso já não era mais possível, pois a população que aqui vivia já havia tomado gosto pelo comércio, pela relativa liberdade e principalmente pelo poder da imprensa. É nesse fervor que, em 18 de dezembro, surge o último jornal desse mesmo ano: A Malagueta, obra de Luís Augusto May.


Tratava-se de uma publicação em primeira pessoa e direcionada ao imperador D. Pedro I. Era independente do Revérbero Constitucional Fluminense e do Grupo dos Andradas, que dominavam a imprensa carioca e funcionavam com aval do governo. Até por isso, o feito de um homem comum como Luís Augusto May é considerado muito importante para as proporções da época: conquistou 500 assinaturas na Corte, se tornando o jornal de maior circulação.

Como era de costume do jornalismo daquele período, a informação era colocada em segundo plano em detrimento das opiniões – e o despertar destas é o fator que mobilizaria a população para unir-se contra as atitudes de recolonização, e por isso a imprensa teve um papel muito importante no processo de independência. No caso da Malagueta, essas opiniões refletiam o estilo de seu realizador, “cheio de circunlóquios, de observação de duplo sentido, de falsa subserviência”, como descreve Isabel Lustosa, em seu livro Insultos impressos. Em seus textos concentravam críticas liberais ao governo, principalmente a José Bonifácio, velho conhecido dos tempos de Batalhão Acadêmico. Esse posicionamento, na maioria das vezes irônico e provocante, somado ao caráter ambicioso – “May gostava de um cargo público, de uma condecoração”, já diria Lustosa - lhe renderia algumas retaliações futuras.

Exemplo disso foi o fato que não demorou a acontecer: May teria tirado a Malagueta de circulação com o objetivo de ser nomeado a um cargo no exterior. Não obtendo sucesso, ameaçou voltar com a publicação, em oposição ao governo. Assim, se deu início à uma série de desavenças com outro jornal: O Espelho, no qual o próprio imperador escrevia sob pseudônimos. Em uma das publicações envolvidas e de possível autoria de Dom Pedro, era questionado o caráter do opositor, além de denunciar um relacionamento homossexual com o Conde das Galveias e acusá-lo de furtar documentos do Conde de Funchal. Não bastando, o violento ataque ainda descrevia, em linguagem chula, as características físicas do mesmo. O caso não acabaria por aí. Ao revidar com a Malagueta nº2 (em 5 de junho 1822), May foi espancado em sua própria casa, no dia seguinte à publicação.

Essa não seria a última represália sofrida por ele. Em agosto de 1829, sofreu outra agressão quando estava andando na rua, acompanhado de Cunha Matos. Nessa ocasião, Luís Augusto May era deputado, cargo que exerceu duas vezes em sua vida: em 1826 e em 1829. A última malagueta circulou em 31 de março de 1832 e, após as repressões sofridas por seu realizador, não foi mais a mesma, sua visão política estava mais branda. Luís Augusto May faleceu com 68 anos, em 1850, no Rio de Janeiro.

*Trabalho de História da Comunicação - Perfil de personagem da imprensa

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Da arte de estacionar

Era sábado e meu pai e eu estávamos a caminho do supermercado. Assim como em todo dia que se é preciso recorrer a um estacionamento, fazia um sol escaldante e poucas vagas sobreviviam no combo felicidade: disponível e com sombra. Como era esperado, as melhores eram as reservadas a idosos e deficientes físicos. Nos contentamos com uma sem cobertura, porém próxima do nosso destino. Como tínhamos muita fome e pouca disposição, era uma posição estratégica, apesar de estarmos literalmente iluminados, e nesse caso não do lado bom da coisa.

Saindo do carro, durante o pequeno percurso até a santa sombra da entrada do supermercado, o assunto girava em torno de um caso de agressão que acontecera na semana anterior. Um senhor de uma idade considerável chamara atenção de um homem que estacionava em uma vaga reservada, sem necessidade. Este, duplamente irresponsável, bateu no velho até que seguranças interferiram na situação.
– Odeio quem estaciona nessas vagas sem precisar – concluí.
– Eu também, devia ter uma fiscalização maior, mas até que aqui as pessoas respeitam – disse meu pai, mostrando a quantidade de vagas reservadas livres em relação ao estacionamento praticamente lotado.

As pessoas ao nosso redor podiam escutar a conversa e nos encaravam com ar de descrédito. Quando olhei com mais atenção, percebi algo constrangedor:
– Pai, aquele carro não é o nosso? – eu disse, apontando para o local que ele tinha indicado.
– Nossa, nem percebi que estacionamos lá. Ah, vai ser rapidinho no supermercado.


*Trabalho de Língua Portuguesa - Elaboração de crônica

sábado, 24 de abril de 2010

O rebanho segue fiel

Em meio a escândalos de pedofilia, fiéis negam mudar seu relacionamento com a Igreja Católica.
O jornal americano The New York Times afirmou que o Vaticano tinha conhecimento, mas não tomou nenhuma providência sobre o caso do reverendo Lawrence Murphy. De acordo com a reportagem, o reverendo teria abusado sexualmente de 200 crianças surdas de uma escola de Wisconsin, entre 1950 e 1974. Na época, o cardeal Joseph Ratzinger, atual papa Bento XVI, era chefe da Congregação para Doutrina da Fé, e, portanto, responsável por tratar de questões disciplinares da Igreja. Porém, a notícia não era nova: em 2006, foi publicada pela BBC a mesma acusação de acobertamento do Papa em relação a outros casos de pedofilia. Na mesma época, o canal de notícias divulgou um documentário tratando sobre o tema: Abusos Sexuais e o Vaticano.

Em cinco anos de papado, Bento XVI protagonizou uma série de polêmicas como a citação de um comentário depreciativo sobre o Islã em uma palestra em 2006 – irritando os muçulmanos; o apoio para a canonização do controverso Papa Pio XII durante a Segunda Guerra Mundial e, em 2009, a tentativa de reabilitar um bispo que nega o Holocausto. Frente a mais um panorama de escândalo, a Igreja enfrenta acusações da mídia e até mesmo de membros dela, como é o caso de Hans Küng, contemporâneo de Ratzinger e teólogo suíço, que afirma ser essa a “pior crise de credibilidade desde a Reforma.” Uma desmoralização da Igreja é posta em cogitação e com ela uma possível crise com seus fiéis.

Ao contrário disso, há quem pense que o escândalo é fruto apenas de um sensacionalismo midiático e que os fiéis não vão se abalar. É o que diz Padre Antônio Silva, Juiz do Tribunal Eclesiástico de Aparecida, em entrevista concedida para essa reportagem: “Certamente existe sensacionalismo. É lamentável que se empregue a comunicação pondo em destaque abusos como abortos, traições, trapaças e tantas outras misérias, desanimando o que é útil e bom. De tanto ter que ver a sujeita, a gente começa a ter medo de ser limpo. Mas isso interfere muito pouco nos cristãos normais, eles já viram e continuam vendo tantas falhas tão ruins em nossa sociedade como assassinatos, infidelidades, assaltos, roubos, guerra de drogas, que sabem que ser bom em algumas horas dá trabalho, mas ser honesto é preciso, ser heróico e chegar à santidade capaz de colocar como modelo no altar é raríssimo. Sendo inteligente conseguimos distinguir a liberdade de ser bom, sabendo também quantas vezes erramos diariamente. Basta abrir os olhos para ver o bem e o mal.”

Do mesmo modo, ao ser questionado sobre o que achava da polêmica, Antônio Carlos Piantino, 52 anos, freqüentador da Paróquia de São João Batista há 22 anos, declara: “O padre não é um deus, é um homem sujeito a todas as fases, todos os erros humanos. Às vezes temos aquele pensamento que nem condiz com a formação da gente, tem que tomar muito cuidado. Acontece com padre, com quantos outros também não acontece? A mídia não tem espaço pra falar de todo mundo, então fala de uma classe que gera notícia, vende. É bom quando gera discussão e as pessoas podem aprimorar normas. A Igreja tem que ter um papel mais forte em relação a isso. Acho que tem que assumir essa responsabilidade, tirar fora quem comete abusos.”

Lúcia Goulart, 47 anos, acredita que a crise é um problema da Instituição, que não tem trabalhado bem com os abusos sexuais cometidos pelo clero: “Eu mesma já acompanhei um caso de um noviço nesses termos e fiquei decepcionada em como a coisa foi cercada, excluída, não informada. Isso fez com que eu me afastasse um pouco da participação mais ativa enquanto leiga que participa das atividades de movimento, mas não questionei a minha fé. Agora, com certeza isso motiva alguém que já tem um problema coma Instituição, que não entende muito bem o que é a instituição, religião, fé. Acho que diferentemente do Papa João Paulo II, que era aberto à comunicação, o atual Papa é mais interessado em qualidade e não quantidade de fiéis. Ele é muito germânico, intelectual, não é aberto à comunicação. Talvez com a crise isso mude, acho que vai ser bom.”

Para amenizar a situação, Bento XVI tem reforçado sua política quanto ao assunto, estimulado as denúncias de casos, tratando-os com mais severidade, além de visitar vítimas de abusos, buscando, talvez, o carisma que ficou no papado anterior.

*Resolução de pauta - Trabalho de Jornalismo Básico I

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Todas as margens

Me depositem também numa canoinha de nada, nessa água, que não pára, de longas beiras: e, eu, rio abaixo, rio a fora, rio a dentro - o rio.

Em sua análise sobre o conto A Terceira Margem do Rio, de João Guimarães Rosa, Luiz Costa Lima diz que o Pai do narrador coloca-se “no centro, na raiz proibida ao humano”, ou seja, ele morre e aceita sua vez de partir. Essa atitude é incomum, pois o conceito de morte e o que vem após ela, além da aceitação de abrir mão da vida sem relutância extrema e é inconcebível em termos de razão humana. Essa mesma razão é limitada pela impregnação mágica estilística contida na história. Em vez dessa magia apenas introduzir um universo aquém do possível imaginável, ela demonstra uma racionalidade radical de quem não aceita partir para a terceira margem, uma margem do Além. É nesse ponto que o narrador para, não aceitando a troca proposta dos lugares e mantendo “o seu compromisso com o reino do humano, onde persiste no desconhecido da insegurança.” Sendo assim, existe um duplo comprometimento com o esse reino: o personagem é mortal e efetivamente morre, cumprindo seu ciclo vital; mas não encara a vez de morrer, persistindo no desconhecido da insegurança que aflige todos os pertencentes à margem real do rio, a da vida.
É para se chegar nesse ponto - o da morte do personagem Filho, que Walnice N. Galvão, ainda sobre o mesmo conto, diz que “tem-se que encarar nossa vez de morrer, mas detendo a opção, não de não morrer, mas de não encarar a nossa vez de morrer”, completando ainda que “esta última é a que o narrador faz”, ou seja, ele morre – inevitavelmente como todos os humanos, e como a maioria deles, não encara sua vez de partir. Essa explicação de Walnice deixa inevitável o entendimento de uma mensagem possível do conto: todos nós morreremos e não obtemos a possibilidade de assim não o fazer, o que está ao nosso alcance é apenas aceitar ou não esse momento, como fizeram o pai e o filho, respectivamente.
Sendo assim, podemos perceber que ao tratarem desse conto de João Guimarães Rosa, Luiz Costa Lima e Walnice N. Galvão tomam posições de confluência, apesar de não expressadas com as mesmas palavras: ambos analisam os personagens por sua habilidade de aceitar ou não sua conclusão do ciclo vital, concordando que a atitude primeira do Pai é contrária à reação final do filho.


*Esse texto é um trabalho baseado no conto A Terceira Margem do Rio, presente no livro Primeiras Estórias, de João Guimarães Rosa, e nas análises do mesmo feitas por Walnice N. Galvão e Luiz Costa Lima.

sábado, 20 de março de 2010

A.

Nunca achei que fosse ser tão difícil falar de mim como alvo, fazer um auto perfil. Eis que me surge o primeiro trabalho da faculdade. Protagonizando.

Já era quase noite na cidade de São Paulo, numa tarde do verão de 1990, quando nasceu Amanda Rezende Nogueira. Segunda filha entre quatro irmãos, alguma posição em uma família de treze tios, cada um com, em média, dois filhos – o que lhe dá uma margem de 38 primos próximos, contando alguns de segundo e terceiro grau. Seria um fato corriqueiro para famílias desse porte, mas a futura jornalista garante que, apesar de sua avó a chamar erroneamente pelo nome de sua mãe, de uma tia e de uma prima antes de acertar o seu, não se sente menos especial ou querida. “É incrível como em uma situação como essa, cada um de nós consegue ser único, ter um diferencial e se sentir querido. Gosto de olhar um retrato que tenho com minhas primas: uma ruiva, uma morena, e outra de cabelo enroladinho. Mostra bem o que é a minha família”. Alguns anos depois, viriam ainda mais dois pequenos irmãos, “motivo de maior felicidade e orgulho que posso sentir, e causa de algumas tardes perdidas como babá”, declara toda boba.

Foi em meio a tantas pessoas que Amanda cresceu, na região do Vale do Paraíba, interior do estado de São Paulo. Gosta das regalias das cidades pequenas, apesar de São José dos Campos, para onde volta da capital aos finais de semana, já ser grande o suficiente para algum estresse no trânsito. “Não é nada como São Paulo, mas [São José dos Campos] já está bem grande: tem o INPE, o ITA, a Embraer, o que acabou atraindo muita gente. Ainda assim, conserva um jeito de interior, um ar mais puro, pessoas mais amigáveis, parques e praças próximos de casa... Posso fazer tudo tranquilamente.”

Fotografia e literatura sempre fizeram parte de sua vida, mas foi durante a adolescência que a menina tomou gosto por isso. “Ganhei uma câmera fotográfica do meu pai e tirava foto de qualquer coisa, levava nos passeios de escola e em festas de família. Passei a gostar muito do hobbie. Hoje tenho um portfólio que tento atualizar na medida em que posso.” Começou lendo livros infanto-juvenis como “Alice no País das Maravilhas” e “Harry Potter” e não parou mais. Quando criança chegou a escrever um livro para concorrer a um concurso na escola: “terrível”, confessa com vergonha. Entre seus autores prediletos encontram-se João Guimarães Rosa, Machado de Assis e Hunter Thompson.

A música era algo além: “Meu pai tocava violão e eu gostava de acompanhá-lo cantando. Tínhamos até uma música nossa, ‘Leãozinho’, de Caetano Veloso, e antes que façam qualquer comentário engraçadinho, quero esclarecer que sou mais velha que a Mallu Magalhães”, conta fazendo graça sobre o fato de a jovem cantora compartilhar da mesma canção com o pai. Foi tomando gosto pela música que, aos 12 anos, entrou no conservatório musical para aprender a tocar violino, mas logo parou para se dedicar aos estudos para o vestibular. “Entrar numa faculdade foi o maior desafio pelo qual passei, travava em toda prova”. Mal ela sabia que aquela vida tranqüila logo acabaria com sua ida para São Paulo.

No final do ano de 2009, prestes a completar 20 anos passados daquele primeiro verão, Amanda passou no vestibular para Jornalismo na Faculdade Cásper Líbero. Mudou-se para São Paulo e começou uma nova fase de sua vida, buscando se tornar jornalista em uma cidade tão conturbada e culturalmente rica. “Minha relação com São Paulo é ambígua, amo ter a possibilidade de fazer qualquer coisa, a qualquer hora que eu queira. Gosto dessa diversidade de pessoas, de programas, de acontecimentos. Sem dúvida aqui é o lugar ideal para quem é da área de comunicação. Acontece que preciso normalizar muita coisa para viver com a consciência no lugar, é preciso normalizar a fome, a desigualdade, a violência, e de uma forma muito mais intensa do que em outros lugares. Morar aqui é sensacional e ao mesmo tempo muito triste.”

Ao ser indagada sobre a escolha da profissão, Amanda, ainda com a visão ignorante de caloura, justificou dizendo que acha a profissão “fascinante, daquelas que, se bem exercida, tem um retorno muito gratificante, permite o contato direto com a sociedade e a efetiva interferência nela.”

*Autoperfil - Trabalho de Jornalismo Básico I

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Sol do meio dia

There's nothing tragic about being fifty. Not unless you're trying to be twenty-five.
A juventude chega rapidamente e acaba quando não se quer. É a ambição de todas as idades, os novos pois são encantados com a liberdade dessa época, e os velhos com a ambição de voltar a ser o que já foram, ou ainda, o que poderiam ter sido.
Essa época da vida é marcada pelas novas experiências e dessa vez não mais como uma criança, que descobre através de seus tutores o essencial, mas agora sozinho, descobrindo não apenas o essencial mas também o descartável, supérfulo.
É através dessas novas experiências que o jovem constrói a base de seu caráter, de suas atitudes, encontra o certo e errado, mesmo que no dia seguinte reveja seus pensamentos e agora o mais terrível de ontem pode ser o correto. Uma fase de metamorfoses.
Descobrir o novo é talvez a única coisa que realmente faça sentido e nos guie na vida, por isso ser jovem é viver com intensidade.
Na evolução do mercado, com novos bens de consumo a cada momento, o adulto e até mesmo as crianças encontraram uma forma artificial de ser jovem, ambos utilizando desse artifício para se vestir e portar como tal, falsificando o prazer das novas experiências através do não natural.
É fácil perceber isso reparando numa pequena garota que coloca os sapatos da mãe, usa bolsa ou ainda nas novas gerações que já tem celular aos dez anos, ou antes. Não ficando para trás temos os mais velhos, fazendo cirurgias plásticas para se parecerem jovem.
O que ninguém quer enxergar é que o jovem vai além, ele tem todo um legado de conhecimentos adquiridos e coisas a se descobrir. Ninguém além dele acumula tanta expectativa para com as realizações do mundo. É a hora e a vez que o velho já teve e que a criança ainda terá e nada mas o tempo pode mudar isso.