quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Penseiro esperando o trem

Quando resolvi criar esse blog, não sabia ao certo sobre o que falaria, o título que poria, e se vos agradaria. Lembro de pedir ajuda aos amigos, sugestões, imposições, alguém prepara tudo pra mim que eu só quero chegar! Teve uma conversa específica, a qual quero citar; Estava conversando com o comparsa Thiago Lins e falei algo sobre querer ser como Guimarães. Ele riu, eu me conformei, esqueci.
Quis ser como muitas pessoas nesse meio tempo, inclusive como eu mesma. Uma dessas pessoas foi Chico Buarque. Estava completamente encantada pelo homem. Foi nesse encanto que li o seguinte trecho sobre Pedro Pedreiro:

Teve uma época que eu só lia Guimarães Rosa. Eu queria ser Guimarães Rosa. [...] Quando gravei minha primeira música – hoje eu me envergonho um pouquinho disso, porque é difícil você querer ser Guimarães Rosa –, inventei esse “penseiro”, é claro que pra fazer uma rima, uma aliteração [...] mas era aquela coisa de achar que pareceria Guimarães Rosa. Parece nada.*

Já quis ser Guimarães Rosa, já quis ser Chico Buarque, já quis ser como o Chico que quis ser como Guimarães. E eu fico penseira, imaginando se este já quis ser outra pessoa.

* Trecho retirado do livro Histórias de canções: Chico Buarque.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Through the Eye of a Muse

Somewhere in her smile she knows
That I don't need no other lover

Something era pra mim uma daquelas músicas que a gente gosta mas não sabe ao certo de quem é, como é a letra, a história por trás. Era especial, mas ainda flutuava em minhas mãos.
Era conhecida, a letra mais linda. Tudo que eu gostaria de ouvir, uma canção que me fizesse sentir única, como se nenhuma outra mulher existisse. E vindo do Beatle George, que poderia ter quem quisesse em meio a tantas tietes, tornava o sentimento mais real. Bom, eu não sabia que a composição era dele, dessa parte eu só fui tomar conhecimento quando a ouvi na trilha sonora de algum filme que me escapa agora e, cansada do mistério sobre a música, fui atrás da bendita. Encontrei, era Something, e tinha que ser dos Beatles.
Ela tem aquele começo que cheira à naftalina, logo vem a bateria e uma melodia deliciosa, um solo de guitarra dos mais tocantes que só mesmo George Harrison/Eric Clapton apaixonados para fazer. Ou melhor, só mesmo uma mulher para inspirar algo do tipo: Pattie Boyd, a musa de ambos.
Something foi o começo de um currículo de invejar qualquer uma. Na lista consta além dela, Layla, Wonderful Tonight, For You Blue e Bell Bottom Blues – Todas grandes canções dedicadas a uma única mulher. Dentre os vários boatos sobre a música, gosto de um em especial. Sigo com a história e não me comprometo com os fatos.
Década de 60, pra ser específica, era 1964. As gravações de A Hard Day’s Night seguiam no ritmo da Beatlemania, as gravações duraram menos de dois meses e o filme já estava em cartaz no mês seguinte. Tempo suficiente para Pattie e George se conhecerem.
Boyd estava escalada no elenco do filme como uma colegial e, na época, estava quase noiva. Mesmo assim, Harrison fez a inevitável tentativa de sair com a moça, que recusou. Ele voltou a convidá-la e na segunda vez ela aceitou – já solteira. Bom, era óbvio o que ia acontecer.
Em dezembro de 1965, George pede Pattie em casamento, após Brian Epstern ter permitido, abençoado o matrimonio e concedido a mão da moça, que nem era sua filha (ele justificou que pediu a permissão pois não queria atrapalhar os projetos da banda). Os dois se casam em janeiro de 1966. Três anos depois surge Something, atribuída a Pattie Boyd e considerada por Frank Sinatra, na época, a melhor canção de amor escrita em 50 anos.
Ela é a melhor pra mim. Apesar de gostar da história, não me importa se foi ou não inspirada em Pattie. Prefiro até que seja só minha.

Ouça Something

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Menina

Das risadas mais gostosas
Entre amigas confidentes
Das tardes ensolaradas
Das fofocas bem contadas
Do quase beijo inocente

Na lembrança fica
Aquela última despedida
De maneira reforçada
Até um pouco engraçada
E a saudade em contrapartida

Para Marcela