sábado, 20 de março de 2010

A.

Nunca achei que fosse ser tão difícil falar de mim como alvo, fazer um auto perfil. Eis que me surge o primeiro trabalho da faculdade. Protagonizando.

Já era quase noite na cidade de São Paulo, numa tarde do verão de 1990, quando nasceu Amanda Rezende Nogueira. Segunda filha entre quatro irmãos, alguma posição em uma família de treze tios, cada um com, em média, dois filhos – o que lhe dá uma margem de 38 primos próximos, contando alguns de segundo e terceiro grau. Seria um fato corriqueiro para famílias desse porte, mas a futura jornalista garante que, apesar de sua avó a chamar erroneamente pelo nome de sua mãe, de uma tia e de uma prima antes de acertar o seu, não se sente menos especial ou querida. “É incrível como em uma situação como essa, cada um de nós consegue ser único, ter um diferencial e se sentir querido. Gosto de olhar um retrato que tenho com minhas primas: uma ruiva, uma morena, e outra de cabelo enroladinho. Mostra bem o que é a minha família”. Alguns anos depois, viriam ainda mais dois pequenos irmãos, “motivo de maior felicidade e orgulho que posso sentir, e causa de algumas tardes perdidas como babá”, declara toda boba.

Foi em meio a tantas pessoas que Amanda cresceu, na região do Vale do Paraíba, interior do estado de São Paulo. Gosta das regalias das cidades pequenas, apesar de São José dos Campos, para onde volta da capital aos finais de semana, já ser grande o suficiente para algum estresse no trânsito. “Não é nada como São Paulo, mas [São José dos Campos] já está bem grande: tem o INPE, o ITA, a Embraer, o que acabou atraindo muita gente. Ainda assim, conserva um jeito de interior, um ar mais puro, pessoas mais amigáveis, parques e praças próximos de casa... Posso fazer tudo tranquilamente.”

Fotografia e literatura sempre fizeram parte de sua vida, mas foi durante a adolescência que a menina tomou gosto por isso. “Ganhei uma câmera fotográfica do meu pai e tirava foto de qualquer coisa, levava nos passeios de escola e em festas de família. Passei a gostar muito do hobbie. Hoje tenho um portfólio que tento atualizar na medida em que posso.” Começou lendo livros infanto-juvenis como “Alice no País das Maravilhas” e “Harry Potter” e não parou mais. Quando criança chegou a escrever um livro para concorrer a um concurso na escola: “terrível”, confessa com vergonha. Entre seus autores prediletos encontram-se João Guimarães Rosa, Machado de Assis e Hunter Thompson.

A música era algo além: “Meu pai tocava violão e eu gostava de acompanhá-lo cantando. Tínhamos até uma música nossa, ‘Leãozinho’, de Caetano Veloso, e antes que façam qualquer comentário engraçadinho, quero esclarecer que sou mais velha que a Mallu Magalhães”, conta fazendo graça sobre o fato de a jovem cantora compartilhar da mesma canção com o pai. Foi tomando gosto pela música que, aos 12 anos, entrou no conservatório musical para aprender a tocar violino, mas logo parou para se dedicar aos estudos para o vestibular. “Entrar numa faculdade foi o maior desafio pelo qual passei, travava em toda prova”. Mal ela sabia que aquela vida tranqüila logo acabaria com sua ida para São Paulo.

No final do ano de 2009, prestes a completar 20 anos passados daquele primeiro verão, Amanda passou no vestibular para Jornalismo na Faculdade Cásper Líbero. Mudou-se para São Paulo e começou uma nova fase de sua vida, buscando se tornar jornalista em uma cidade tão conturbada e culturalmente rica. “Minha relação com São Paulo é ambígua, amo ter a possibilidade de fazer qualquer coisa, a qualquer hora que eu queira. Gosto dessa diversidade de pessoas, de programas, de acontecimentos. Sem dúvida aqui é o lugar ideal para quem é da área de comunicação. Acontece que preciso normalizar muita coisa para viver com a consciência no lugar, é preciso normalizar a fome, a desigualdade, a violência, e de uma forma muito mais intensa do que em outros lugares. Morar aqui é sensacional e ao mesmo tempo muito triste.”

Ao ser indagada sobre a escolha da profissão, Amanda, ainda com a visão ignorante de caloura, justificou dizendo que acha a profissão “fascinante, daquelas que, se bem exercida, tem um retorno muito gratificante, permite o contato direto com a sociedade e a efetiva interferência nela.”

*Autoperfil - Trabalho de Jornalismo Básico I

4 comentários:

  1. Esqueceu de falar do namorado compositor de belas canções ;)

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  2. o que seria do jornalismo se n fosse a fotografia e a literatura??? nada que permitiria interferir no grupo sociarrr (eta interior) que vivemos.

    ah, e a musica tambem!

    abs
    Wellybh

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  3. "Memórias Póstumas de A R Nogueira"
    ahauhauahuahauha

    quando sair a nota me fala, aposto em 8,5

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  4. Dona Iolanda, você subestima meus talentos hahaha... Nota: 10! Por Celso Unzelte, magnata do jornalismo esportivo. Olê!

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