Em meio a escândalos de pedofilia, fiéis negam mudar seu relacionamento com a Igreja Católica.
O jornal americano The New York Times afirmou que o Vaticano tinha conhecimento, mas não tomou nenhuma providência sobre o caso do reverendo Lawrence Murphy. De acordo com a reportagem, o reverendo teria abusado sexualmente de 200 crianças surdas de uma escola de Wisconsin, entre 1950 e 1974. Na época, o cardeal Joseph Ratzinger, atual papa Bento XVI, era chefe da Congregação para Doutrina da Fé, e, portanto, responsável por tratar de questões disciplinares da Igreja. Porém, a notícia não era nova: em 2006, foi publicada pela BBC a mesma acusação de acobertamento do Papa em relação a outros casos de pedofilia. Na mesma época, o canal de notícias divulgou um documentário tratando sobre o tema: Abusos Sexuais e o Vaticano.
Em cinco anos de papado, Bento XVI protagonizou uma série de polêmicas como a citação de um comentário depreciativo sobre o Islã em uma palestra em 2006 – irritando os muçulmanos; o apoio para a canonização do controverso Papa Pio XII durante a Segunda Guerra Mundial e, em 2009, a tentativa de reabilitar um bispo que nega o Holocausto. Frente a mais um panorama de escândalo, a Igreja enfrenta acusações da mídia e até mesmo de membros dela, como é o caso de Hans Küng, contemporâneo de Ratzinger e teólogo suíço, que afirma ser essa a “pior crise de credibilidade desde a Reforma.” Uma desmoralização da Igreja é posta em cogitação e com ela uma possível crise com seus fiéis.
Ao contrário disso, há quem pense que o escândalo é fruto apenas de um sensacionalismo midiático e que os fiéis não vão se abalar. É o que diz Padre Antônio Silva, Juiz do Tribunal Eclesiástico de Aparecida, em entrevista concedida para essa reportagem: “Certamente existe sensacionalismo. É lamentável que se empregue a comunicação pondo em destaque abusos como abortos, traições, trapaças e tantas outras misérias, desanimando o que é útil e bom. De tanto ter que ver a sujeita, a gente começa a ter medo de ser limpo. Mas isso interfere muito pouco nos cristãos normais, eles já viram e continuam vendo tantas falhas tão ruins em nossa sociedade como assassinatos, infidelidades, assaltos, roubos, guerra de drogas, que sabem que ser bom em algumas horas dá trabalho, mas ser honesto é preciso, ser heróico e chegar à santidade capaz de colocar como modelo no altar é raríssimo. Sendo inteligente conseguimos distinguir a liberdade de ser bom, sabendo também quantas vezes erramos diariamente. Basta abrir os olhos para ver o bem e o mal.”
Do mesmo modo, ao ser questionado sobre o que achava da polêmica, Antônio Carlos Piantino, 52 anos, freqüentador da Paróquia de São João Batista há 22 anos, declara: “O padre não é um deus, é um homem sujeito a todas as fases, todos os erros humanos. Às vezes temos aquele pensamento que nem condiz com a formação da gente, tem que tomar muito cuidado. Acontece com padre, com quantos outros também não acontece? A mídia não tem espaço pra falar de todo mundo, então fala de uma classe que gera notícia, vende. É bom quando gera discussão e as pessoas podem aprimorar normas. A Igreja tem que ter um papel mais forte em relação a isso. Acho que tem que assumir essa responsabilidade, tirar fora quem comete abusos.”
Lúcia Goulart, 47 anos, acredita que a crise é um problema da Instituição, que não tem trabalhado bem com os abusos sexuais cometidos pelo clero: “Eu mesma já acompanhei um caso de um noviço nesses termos e fiquei decepcionada em como a coisa foi cercada, excluída, não informada. Isso fez com que eu me afastasse um pouco da participação mais ativa enquanto leiga que participa das atividades de movimento, mas não questionei a minha fé. Agora, com certeza isso motiva alguém que já tem um problema coma Instituição, que não entende muito bem o que é a instituição, religião, fé. Acho que diferentemente do Papa João Paulo II, que era aberto à comunicação, o atual Papa é mais interessado em qualidade e não quantidade de fiéis. Ele é muito germânico, intelectual, não é aberto à comunicação. Talvez com a crise isso mude, acho que vai ser bom.”
Para amenizar a situação, Bento XVI tem reforçado sua política quanto ao assunto, estimulado as denúncias de casos, tratando-os com mais severidade, além de visitar vítimas de abusos, buscando, talvez, o carisma que ficou no papado anterior.
Em cinco anos de papado, Bento XVI protagonizou uma série de polêmicas como a citação de um comentário depreciativo sobre o Islã em uma palestra em 2006 – irritando os muçulmanos; o apoio para a canonização do controverso Papa Pio XII durante a Segunda Guerra Mundial e, em 2009, a tentativa de reabilitar um bispo que nega o Holocausto. Frente a mais um panorama de escândalo, a Igreja enfrenta acusações da mídia e até mesmo de membros dela, como é o caso de Hans Küng, contemporâneo de Ratzinger e teólogo suíço, que afirma ser essa a “pior crise de credibilidade desde a Reforma.” Uma desmoralização da Igreja é posta em cogitação e com ela uma possível crise com seus fiéis.
Ao contrário disso, há quem pense que o escândalo é fruto apenas de um sensacionalismo midiático e que os fiéis não vão se abalar. É o que diz Padre Antônio Silva, Juiz do Tribunal Eclesiástico de Aparecida, em entrevista concedida para essa reportagem: “Certamente existe sensacionalismo. É lamentável que se empregue a comunicação pondo em destaque abusos como abortos, traições, trapaças e tantas outras misérias, desanimando o que é útil e bom. De tanto ter que ver a sujeita, a gente começa a ter medo de ser limpo. Mas isso interfere muito pouco nos cristãos normais, eles já viram e continuam vendo tantas falhas tão ruins em nossa sociedade como assassinatos, infidelidades, assaltos, roubos, guerra de drogas, que sabem que ser bom em algumas horas dá trabalho, mas ser honesto é preciso, ser heróico e chegar à santidade capaz de colocar como modelo no altar é raríssimo. Sendo inteligente conseguimos distinguir a liberdade de ser bom, sabendo também quantas vezes erramos diariamente. Basta abrir os olhos para ver o bem e o mal.”
Do mesmo modo, ao ser questionado sobre o que achava da polêmica, Antônio Carlos Piantino, 52 anos, freqüentador da Paróquia de São João Batista há 22 anos, declara: “O padre não é um deus, é um homem sujeito a todas as fases, todos os erros humanos. Às vezes temos aquele pensamento que nem condiz com a formação da gente, tem que tomar muito cuidado. Acontece com padre, com quantos outros também não acontece? A mídia não tem espaço pra falar de todo mundo, então fala de uma classe que gera notícia, vende. É bom quando gera discussão e as pessoas podem aprimorar normas. A Igreja tem que ter um papel mais forte em relação a isso. Acho que tem que assumir essa responsabilidade, tirar fora quem comete abusos.”
Lúcia Goulart, 47 anos, acredita que a crise é um problema da Instituição, que não tem trabalhado bem com os abusos sexuais cometidos pelo clero: “Eu mesma já acompanhei um caso de um noviço nesses termos e fiquei decepcionada em como a coisa foi cercada, excluída, não informada. Isso fez com que eu me afastasse um pouco da participação mais ativa enquanto leiga que participa das atividades de movimento, mas não questionei a minha fé. Agora, com certeza isso motiva alguém que já tem um problema coma Instituição, que não entende muito bem o que é a instituição, religião, fé. Acho que diferentemente do Papa João Paulo II, que era aberto à comunicação, o atual Papa é mais interessado em qualidade e não quantidade de fiéis. Ele é muito germânico, intelectual, não é aberto à comunicação. Talvez com a crise isso mude, acho que vai ser bom.”
Para amenizar a situação, Bento XVI tem reforçado sua política quanto ao assunto, estimulado as denúncias de casos, tratando-os com mais severidade, além de visitar vítimas de abusos, buscando, talvez, o carisma que ficou no papado anterior.
*Resolução de pauta - Trabalho de Jornalismo Básico I
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