sexta-feira, 14 de maio de 2010

Da arte de estacionar

Era sábado e meu pai e eu estávamos a caminho do supermercado. Assim como em todo dia que se é preciso recorrer a um estacionamento, fazia um sol escaldante e poucas vagas sobreviviam no combo felicidade: disponível e com sombra. Como era esperado, as melhores eram as reservadas a idosos e deficientes físicos. Nos contentamos com uma sem cobertura, porém próxima do nosso destino. Como tínhamos muita fome e pouca disposição, era uma posição estratégica, apesar de estarmos literalmente iluminados, e nesse caso não do lado bom da coisa.

Saindo do carro, durante o pequeno percurso até a santa sombra da entrada do supermercado, o assunto girava em torno de um caso de agressão que acontecera na semana anterior. Um senhor de uma idade considerável chamara atenção de um homem que estacionava em uma vaga reservada, sem necessidade. Este, duplamente irresponsável, bateu no velho até que seguranças interferiram na situação.
– Odeio quem estaciona nessas vagas sem precisar – concluí.
– Eu também, devia ter uma fiscalização maior, mas até que aqui as pessoas respeitam – disse meu pai, mostrando a quantidade de vagas reservadas livres em relação ao estacionamento praticamente lotado.

As pessoas ao nosso redor podiam escutar a conversa e nos encaravam com ar de descrédito. Quando olhei com mais atenção, percebi algo constrangedor:
– Pai, aquele carro não é o nosso? – eu disse, apontando para o local que ele tinha indicado.
– Nossa, nem percebi que estacionamos lá. Ah, vai ser rapidinho no supermercado.


*Trabalho de Língua Portuguesa - Elaboração de crônica

2 comentários:

  1. essa foi foda, huhhuauhuhaauahau
    não tem jeito, por mais que seja rapidinho e que vc tenha certeza de que não vai chegar ninguém com mais de 60 anos ou de muleta nos próximos minutos, dá um pêso na consciência... kkkkkkkkkkkk

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